The Food Assembly: um novo modelo de consumo

E se criássemos uma plataforma assim no Brasil? Imagine agricultores familiares de orgânicos, artesãos e consumidores utilizando uma plataforma (física e virtual) que permita um comércio sem intermediários (atravessadores)… Sim, isso é possível e está tomando conta da Europa.

Colocar à disposição dos consumidores e produtores o poder da internet e das redes sociais, para desenvolver uma nova forma de abastecimento de alimentos, é a ideia que está por trás da The Food Assembly, uma plataforma online que coloca em contato direto os pequenos agricultores, artesãos e consumidores permitindo um comércio sem intermediários.

Com apenas três anos de vida, essa iniciativa está tendo um êxito tremendo na Europa, onde já está presente na França, Bélgica, Reino Unido, Alemanha, Espanha e Itália. Segundo Guilhem Cheron, co-fundador da The Food Assembly, o atual sistema alimentício está sujeito a preços dos mercados mundiais, em detrimento tanto de produtores como de consumidores. Nesse sentido, o objetivo desta plataforma é que agricultores e artesãos recebam um pagamento justo pelos seus produtos, assim como os consumidores redescubram o sabor autêntico da comida.

Como funciona?

Para começar com o comércio, primeiro é necessário estabelecer uma “colmeia”, que é uma rede local de produtores e consumidores que se conectarão através do The Food Assembly. Cada colmeia terá sua página independente dentro da plataforma, que será gerida pelo criador da própria colmeia. Uma colmeia poderá ser aberta por uma pessoa, uma associação ou uma empresa, sendo eles os responsáveis por montar toda rede, além de fazer as funções de administrador da página.

Portanto, os responsáveis terão que se encarregar de reunir os produtores e os consumidores, além de ativar a comunidade. Também terão que buscar o local em que acontecerão as transações, já que o que a The Food Assembly propõe são pequenos mercados – mínimo uma vez por semana – onde ambas as partes possam se encontrar diretamente. Em troca do esforço, os responsáveis de cada colmeia recebem 8,35% do total das vendas de cada dia.

Como vender e comprar?

Cada semana o responsável publica na web uma seleção de produtos dos agricultores para os membros da sua colmeia. Previamente o produtor fixará livremente os preços que considera justo para seus produtos e o mínimo de itens necessários para fazer a entrega. Os consumidores dispõem de um prazo de seis dias para realizar o pedido no site e para fazer o pré-pagamento dos produtos. Finalmente, no dia anterior a entrega do pedido, cada membro receberá uma lista completa dos produtos que serão fornecidos e o valor que irá pagar quando recebê-los. Assim mesmo, este serviço custará aos produtores 16,7% do total de suas vendas, divididos em duas partes: 8,35% para o responsável pela colmeia e 8,35% para o The Food Assembly, que se encarrega do desenvolvimento e manutenção da plataforma.

Responsáveis

Como já comentamos, os responsáveis pela colmeia terão que começá-la desde o zero, e uma vez colocada em funcionamento, serão os encarregados pela sua gestão, favorecendo o comércio e o diálogo entre consumidores e produtores. Em troca, receberão 8,35% do total das vendas diárias.

Produtores

Serão os produtores que fixarão os preços e o mínimo de itens necessários por pedidos para fazer uma entrega na colmeia. Além disso, eles terão uma página pessoal para apresentar seu trabalho, sua profissão e seus produtos. Por outro lado, o sistema de distribuição por demanda evita os excedentes. Os produtores vão para a colmeia com seus produtos e voltam com as caixas vazias. Além disso, será a plataforma a encarregada de fazer as cobranças e os pagamentos, além de emitir notas fiscais de forma automática.

Origem

A “colmeia-mãe” nasceu em 21 de setembro de 2011, em Fauga, perto de Touloues (França), sob a liderança de Guilhem Chéron, que mais tarde se juntou a Marc-David Choukroun e Mounir Mahjoubi. Entretanto, este projeto não poderia ser feito sem o apoio econômico de outros empreendedores e investidores como Christophe Duhamel, co-fundador da marmiton.org, Marc Simoncini e Christine Levet, investidores da Meetic, Zilok ou Sensee, Xavier Niel e Jeremi Berrebi da Kilma Ventures.

Um ano mais tarde, a empresa já contava com 6 empregados e 120 colmeias, para na atualidade ter 32 pessoas e uma rede com mais de 2.500 produtores e mais de 500 colmeias espalhadas pela França, Bélgica, Espanha, Reino Unido, Alemanha e Itália. Em termos econômicos, os últimos dados publicados pela companhia refletem um volume de negócio de mais de 9 milhões de euros em 2013, com um crescimento anual de 200%. Atualmente na Espanha existem 6 colmeias, 4 em Madrid e 2 na Catalunha.

 

Matéria originalmente publicada no site Infocid – La Red Social de Empresas, e traduzida por as sementeiras.

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